Se Jair Bolsonaro causou constrangimento e indignação em sua participação na ONU, coube a uma mulher despontar como a antítese do presidente negacionista.
FONTE: UOL
Colunista do UOL ► Jamil Chade
Num discurso no mesmo púlpito que foi usado pelo brasileiro, a primeira-ministra de Barbados abandonou o texto que havia sido preparado por seu serviço diplomático e chacoalhou a Assembleia-Geral das Nações Unidas.
Mia Amor Mottley subiu ao pódio, na sexta-feira, determinada a dizer o que líderes queriam evitar escutar. E imediatamente foi elevada a uma espécie de celebridade diplomática, com comentários de que, finalmente, o mundo tinha uma líder.
Quando seu microfone foi ligado em Nova Iorque, ela foi clara: não iria repetir discursos. E lançou: “quantas vezes mais teremos então uma situação em que dizemos a mesma coisa repetidas vezes, para não chegarmos a nada?”. “Meus amigos, não podemos mais fazer isso”.
No lugar de um discurso robótico, ela evocou Bob Marley: “Who will get up and stand up?”. Em um português claro: “Quem se levantará?”.
“As palavras de Robert Nesta Marley. Quem se levantará e defenderá os direitos de nosso povo?”, questionou.
Ela também alertou: não tomaria muito o tempo daqueles que a escutavam, na mesma sala ocupada por Bolsonaro. Mas sua voz ecoou para além daquelas paredes. No lugar de certezas, ela levou perguntas impertinentes.
“Quem se levantará em nome de todos aqueles que morreram durante esta terrível pandemia? São milhões. Quem se levantará em nome de todos aqueles que morreram por causa da crise climática?”, questionou.
“Quantas mais variantes do covid-19 devem chegar, quantas mais, antes que um plano de ação mundial de vacinação seja implementado”? disse Mottley. “Quantas mais mortes devem ocorrer antes que 1,7 bilhão de vacinas em excesso na posse dos países avançados do mundo sejam compartilhadas com aqueles que simplesmente não têm acesso?”
“Temos os meios para dar a cada criança deste planeta um comprimido. E temos os meios para dar a cada adulto uma vacina”. E temos os meios para investir na proteção dos mais vulneráveis em nosso planeta contra uma mudança no clima. Mas optamos por não fazê-lo”, disse a primeira-ministra. “Não é porque não temos o suficiente, é porque não temos a vontade de distribuir o que temos”.
A primeira-ministra ainda atacou líderes que usam da mentira como instrumento de poder. Segundo ela, se o mundo ataca as plataformas para garantir o pagamento de impostos, é inconcebível que não se toque na questão da fake news.
A primeira-ministra também alertou para a falta de ação no campo ambiental. “Quantos mais aumentos globais de temperatura devem ocorrer antes de acabarmos com a queima de combustíveis fósseis? E quanto mais o nível do mar deve subir em pequenos estados insulares antes que aqueles que lucraram com o armazenamento de gases de efeito estufa contribuam para as perdas e danos que ocasionaram, em vez de nos pedir que excluamos o espaço fiscal que temos para o desenvolvimento para curar os danos causados pela ganância de outros”?
Ela ainda completou: “se conseguirmos encontrar a vontade de enviar pessoas à lua e resolver a calvície masculina, poderemos resolver problemas simples como deixar nosso povo comer a preços acessíveis”.
Colunista do UOL ► Jamil Chade
Jamil Chade é correspondente na Europa há duas décadas e tem seu escritório na sede da ONU em Genebra. Com passagens por mais de 70 países, o jornalista paulistano também faz parte de uma rede de especialistas no combate à corrupção da entidade Transparência Internacional, foi presidente da Associação da Imprensa Estrangeira na Suíça e contribui regularmente com veículos internacionais como BBC, CNN, CCTV, Al Jazeera, France24, La Sexta e outros. Vivendo na Suíça desde o ano 2000, Chade é autor de cinco livros, dois dos quais foram finalistas do Prêmio Jabuti. Entre os prêmios recebidos, o jornalista foi eleito duas vezes como o melhor correspondente brasileiro no exterior pela entidade Comunique-se.
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