“Acho que a gente tem que dar o testemunho fiel do seu tempo e da sua gente e as conclusões que sejam tiradas.”
– Rachel de Queiroz
Rachel de Queiroz
Rachel de Queiroz GOIH (Fortaleza, 17 de novembro de 1910 — Rio de Janeiro, 4 de novembro de 2003) foi uma tradutora, romancista, escritora, jornalista, cronista prolífica e importante dramaturga brasileira.[1]
Autora de destaque na ficção social nordestina.
Foi a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras.
Em 1993, foi a primeira mulher galardoada com o Prêmio Camões.[2] Ingressou na Academia Cearense de Letras no dia 15 de agosto de 1994, na ocasião do centenário da instituição.[3]
Em 1915 ela foi testemunha de uma das maiores secas que o Nordeste já viveu. Com essas cenas na memória, Rachel de Queiroz escreve seu romance de estreia, “O Quinze”.
Saiu do Ceará para o Rio de Janeiro, onde ficou amiga de escritores como José Lins do Rego, Graciliano Ramos e José Olympio.

No dia 4 de dezembro de 2003, um mês depois de sua morte, foi lançado na Academia Brasileira de Letras o livro Rachel de Queiroz, um perfil biográfico da escritora, fruto de uma longa pesquisa realizada pela jornalista Socorro Acioli, publicado pelas Edições Demócrito Rocha.
“Na minha infância, todas as velhas só viviam na igreja, (…) velha sem religião quem inaugurou foi minha geração.”
– Rachel de Queiroz
Comunista, crítica do partido, ela fez oposição ao governo de Getúlio Vargas. Mas conta, neste documentário, sua amizade com o general Castelo Branco nos anos da ditadura militar.
Sua biografia foi narrada no livro No Alpendre com Rachel, de autoria de José Luís Lira, lançado na Academia Brasileira de Letras em 10 de julho de 2003, poucos meses antes do falecimento da escritora.
“A piedade supõe uma condição de superioridade e a gente só pode se compadecer de quem sofre mais do que nós”.
– Rachel de Queiroz
– “Um alpendre, uma rede, um açude: 100 crônicas escolhidas” – Página 74, de Rachel de Queiroz – Publicado por Editora Siciliano, 1994 ISBN 852670611X, 9788526706118 – 261 páginas
- “Fala-se muito na crueldade e na bruteza do homem medievo. Mas o homem moderno será melhor?”
– “As terras ásperas” – Página 29, de Rachel de Queiroz – Publicado por Editora Siciliano, 1993 ISBN 8526705954, 9788526705951 – 205 páginas
- “…da inocência da infância até à velhice extrema, continuará exatamente assim, só atribuindo interesse e grandeza àquilo que está a serviço da sua pessoa e da sua importância.”
– “Um alpendre, uma rede, um açude: 100 crônicas escolhidas” – Página 91, de Rachel de Queiroz – Publicado por Editora Siciliano, 1994 ISBN 852670611X, 9788526706118 – 261 páginas
“Cada coisa tem sua hora e cada hora o seu cuidado”
– Rachel de Queiroz
– “Formosa Lindomar” in: “Rachel de Queiroz” – Página 142 Publicado por Agir Editora, ISBN 8522006431, 9788522006434, 167 páginas

- “Doer, dói sempre. Só não dói depois de morto. Porque a vida toda é um doer.”
– “Dôra, Doralina: romance” – Página 3, de Rachel de Queiroz – Publicado por José Olympio, 1984 – 259 páginas
- “Morrer,só se morre só. O moribundo se isola numa redoma de vidro,ele e a sua agonia. Nada ajuda nem acompanha.”
– “O brasileiro perplexo; histórias e crônicas.: histórias e crônicas” – Página 189, de Rachel de Queiroz – Publicado por Editôra do Autor, 1963 – 204 páginas

Em Entrevista no Programa Roda Viva da TV Cultura [1]
- “Na verdade nem sou comunista nem sou reacionária, sou propriamente anarquista, sou só uma doce anarquista.”
- “Olha, gosto do ser humano, gosto da humanidade, gosto dos meus próximos e gosto dos distantes.”
- “Acho que a gente tem que dar o testemunho fiel do seu tempo e da sua gente e as conclusões que sejam tiradas.”
- “O que leva a gente a escrever o primeiro livro? Não sei. (…) O que tinha lido de literatura sobre seca não era satisfatório para mim e quis dar uma espécie de testemunho. E, com essa petulância da juventude, eu me meti a escrever o romance.”
- “Considero o Graciliano um dos maiores escritores que já escreveram no Brasil.”
– Sobre Graciliano Ramos
- “O Nordeste mudou. De qualquer maneira, o Nordeste de O quinze, principalmente o Nordeste da Vidas Secas mudou.”
- “Hoje as grandes campanhas publicitárias é que fazem um autor desconhecido de repente arrebentar.”
- “A vida eu acho que ensina surrando…”
- “Não sou feminista. Acho que a sociedade tem que crescer em conjunto. A associação mulher e homem é muito boa e acho um grande erro combater o homem.”
- “A morte é a grande companheira, é esperada, tomara que já chegue.”
.- Quando perguntada sobre como via a morte.
- “É por causa dessa minha cara redonda, todo mundo pensa que sou alegre.”
- “Não tenho decepções.”
- “…tenho um temperamento muito bovino, sou muito calma..”
- “Gosto de televisão, acho televisão, como todo mundo – não sou idiota – um instrumento mágico, maravilhoso, etc e tal; agora, em geral mal empregado.”
- “Olha, o Lula é um homem extraordinariamente inteligente, culto, mas o grande defeito dele é ser atrelado ao PT…”
- “Eu me arrependo de quase tudo.”
- “Criança é uma das minhas paixões na vida. Você perguntou das coisas de que gosto, criança é uma das minhas paixões.”
- “Depois do livro escrito, eu me desinteresso dele e não gosto muito de pensar, porque só me lembro do que não gosto. As coisas de que poderia gostar esqueço, eu só me lembro do que não gosto e tenho aquela cisma.”
Obras
O Quinze
- (…) E se não fosse uma raiz de mucunã arrancada aqui e além, ou alguma batata-branca que a seca ensina a comer, teriam ficado todos pelo caminho, nessas estradas de barro ruivo, semeado de pedras, por onde eles trotavam trôpegos se arrastando e gemendo
Traduções francesas
- O “treze” : Titulo francês: “L’année de la grande sécheresse” (“O ano da grande saco”), traduzido por Jaime Lessa e Didier Vota, Editions Stock, 1986, ISBN 2-234-01933-8.
- “Dona Doralina” : Editions Stock
- “Jo Miguel”: Titulo francês: “Jeh Miguel”, Editions Stock
João Miguel
- “A cadeia parecia não mudar nunca, como uma coisa morta; e quem estava lá se esquecia da conta dos dias e das horas, que acabavam se embaralhando todas quando se tentava classificar alguma lembrança.”
Caminho de Pedras
- “Companheiro, para que você se arriscou? Não pensava como eu ia ficar abandonada, de mãos vazias, perdida e sozinha na cidade. Companheiro, companheiro, para que não me deixou só naquela noite? De que valeu sua companhia uma vez se depois o carregaram, e me deixaram sozinha de todo? para que essa sua mania errada de proteção?”
Memorial de Maria Moura
- O homem feliz é o que não tem passado. O maior dos castigos, para o qual só há pior no inferno, é a gente recordar. Lembranças que vem de repente e ataca como uma pontada debaixo das costelas, ali onde se diz que fica o coração. Alguém pode ter tudo, mocidade, dinheiro no bolso, um bom cavalo debaixo das pernas, o mundo todo ao seu dispor. Mas não pode usufruir nada disso por quê? Porque tem as lembranças perturbando. O passado te persegue, como um cão perverso nos teus calcanhares. Não há dia claro, nem céu azul, nem esperança de futuro, que resista ao assalto das lembranças.
– Rio de Janeiro: MEDIAfashion, 2008. p. 230/231
Atribuídas
- “Quando a moça da cidade chegou / Veio morar na fazenda, / Na casa velha… / Tão velha! / Quem fez aquela casa foi o bisavô… / Deram-lhe para dormir a camarinha, / Uma alcova sem luzes, tão escura! / Mergulhada na tristura / De sua treva e de sua única portinha…”
– citado em “No alpendre com Rachel: ensaio biográfico de Rachel de Queiroz” – página 43, Volume 1 de Coleção Patronos, José Luis Araújo Lira, Editora Cidadania, 2003, ISBN 8589605019, 9788589605014, 178 páginas
- “Não é preciso pressa na literatura. Um romance é como gravidez: aquilo fica dentro de voce, crescendo, incomodando, até sair.”
– citado em “O livro entre aspas: “o que se diz do que se lê” : frases para escritores, leitores, editores, livreiros e demais insensatos” – Página 38, Carlo Carrenho, Rodrigo Magno Diogo – Casa da Palavra, 2005, ISBN 8587220926, 9788587220929 – 93 páginas
- “Eis que temos aqui a Poesia, / A grande Poesia. / Que não oferece signos / Nem linguagem específica, não respeita / Sequer os limites do idioma. / Ela flui, como um rio. / Como o sangue nas artérias, / Tão espontânea que nem se sabe como foi escrita. / E ao mesmo tempo tão elaborada – / Feito uma flor na sua perfeição minuciosa, / Um cristal que se arranca da terra / Já dentro da geometria impecável / Da sua lapidação”.
– Rachel de Queiroz citada em A geometria dos ventos – Página 178, Alvaro Pacheco – Editora Record, 1992, ISBN 8501903000, 9788501903006, 173 páginas
Academia Brasileira de Letras
Concorreu contra o jurista Pontes de Miranda para a vaga de Cândido Mota Filho da cadeira 5 da Academia Brasileira de Letras. Venceu o pleito ocorrido em 4 de agosto de 1977 por 23 votos, contra 15 dados ao opositor e um em branco. Foi empossada em 4 de novembro de 1977.[7] Recebida por Adonias Filho, foi a quinta ocupante da cadeira 5, que tem como patrono Bernardo Guimarães.
Prêmios outorgados (os principais)
- Prêmio Fundação Graça Aranha para O quinze, 1917
- Prêmio Sociedade Felipe d’ Oliveira para As Três Marias, 1939
- Prêmio Saci, de O Estado de S. Paulo, para Lampião, 1954
- Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de obra, 1957
- Prêmio Teatro, do Instituto Nacional do Livro, e Prêmio Roberto Gomes, da Secretaria de Educação do Rio de Janeiro, para A beata Maria do Egito, 1959
- Prêmio Jabuti de Literatura Infantil, da Câmara Brasileira do Livro (São Paulo), para O menino mágico, 1969
- Prêmio Nacional de Literatura de Brasília para conjunto de obra em 1980
- Título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Ceará, em 1981
- Medalha Marechal Mascarenhas de Morais, em solenidade realizada no Clube Militar, em 1983
- Medalha Rio Branco, do Itamarati, 1985;
- Medalha do Mérito Militar no grau de Grande Comendador, 1986
- Medalha da Inconfidência do Governo de Minas Gerais, 1989
- Prêmio Camões, o maior da Língua Portuguesa, 1993[8], sendo a primeira mulher a recebê-lo
- Título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Estadual do Ceará – UECE, 1993
- Título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Estadual Vale do Acaraú, de Sobral, em 1995
- Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique de Portugal, 25 de Março de 1996[9]
- Prêmio Moinho Santista de Literatura, 1996, dentre outros inúmeros prêmios e títulos
- Título Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, 2000
- Medalha Boticário Ferreira, da Câmara Municipal de Fortaleza, 2001.
- Troféu Cidade de Camocim em 20 de Julho de 2001 – Academia Camocinense de Letras e Prefeitura Municipal de Camocim
Obras
Principais
- O quinze, romance 1930, tradução francesa com o título “L’année de la grande sécheresse”, Stock, Paris, 1986, ISBN 2-234-01933-8
- João Miguel, romance (1932)
- Caminho de pedras, romance (1937)
- As Três Marias, romance (1939)
- A donzela e a moura torta, crônicas (1948)
- O galo de ouro, romance (folhetins na revista O Cruzeiro, 1950)
- Lampião – peça de teatro (1953)
- A beata Maria do Egito– peça de teatro (1958)
- Lampião; A Beata Maria do Egito (livro-2005)
- Cem crônicas escolhidas (1958)
- O brasileiro perplexo, crônicas (1964)
- O caçador de tatu, crônicas (1967)
- Um Alpendre, uma rede, um açude – 100 crônicas escolhidas
- O homem e o tempo – 74 crônicas escolhidas
- O menino mágico, infanto-juvenil (1969)
- Dôra, Doralina, romance (1975)
- As menininhas e outras crônicas (1976)
- O jogador de sinuca e mais historinhas (1980)
- Cafute e Pena-de-Prata, infanto-juvenil (1986)
- Memorial de Maria Moura, romance (1992)
- As terras ásperas (1993)
- Teatro, teatro (1995)
- Nosso Ceará, relato, (1997) (em parceria com a irmã Maria Luiza de Queiroz Salek)
- Tantos Anos, autobiografia (1998) (com a irmã Maria Luiza de Queiroz Salek)
- Não me deixes: suas histórias e sua cozinha, memórias gastronômicas (2000) (com Maria Luiza de Queiroz Salek)
Reunidas de ficção
- Três romances (1948)
- Quatro romances (1960)
- Seleta, seleção de Paulo Rónai; notas e estudos de Renato Cordeiro Gomes (1973)
Obras traduzidas no exterior
La Terre de la grande soif (O quinze), éditions Anacaona, 2014. Tradução de Paula Anacaona.
Maria Moura (Memorial de Maria Moura), éditions Métailié, 1995.
Traduções
Romances
- A família Brodie (1940) – A. J. Cronin
- Eu soube amar (1940) – Edith Wharton
- Mansfield Park (1942) – Jane Austen
- Destino da carne (1942) – Samuel Butler
- Náufragos (1942) – Erich Maria Remarque
- Tempestade d’alma (1943) – Phyllis Bottone
- O roteiro das gaivotas (1943) – Daphne Du Maurier
- A crônica dos Forsyte (1946) 3 v. – John Galsworthy
- Helena Wilfuer (1944) – Vicki Baum
- Humilhados e ofendidos (1944) – Fiódor Dostoiévski
- Fúria no céu (1944) – James Hilton
- A intrusa (1945) – Henry Ballamann
- Recordações da casa dos mortos (1945) – Fiódor Dostoiévski
- Stella Dallas (1945) – Olive Prouty
- A promessa (1946) – Pearl Buck
- Cranford (1946) – Elisabeth Gaskell
- O morro dos ventos uivantes (1947) – Emily Brontë
- Anos de ternura (1947) – A. J. Cronin
- O quarto misterioso e Congresso de bonecas (1947) – Mário Donal
- Aventuras de Carlota (1947) – M. D’Agon de La Contrie
- A casa dos cravos brancos (1947) – Y. Loisel
- Os Robinsons da montanha (1948) – André Bruyère
- A mulher de trinta anos (1948) – Honoré de Balzac
- Aventuras da maleta negra (1948) – A. J. Cronin
- Os dois amores de Grey Manning (1948) – Forrest Rosaire
- A conquista da torre misteriosa (1948) – Germaine Verdat
- A afilhada do imperador (1950) – Jean Rosmer
- A deusa da tribo (1950) – Suzanne Sailly
- A predileta (1950) – Raphaelle Willems
- Os demônios (1951) – Fiódor Dostoiévski
- Os irmãos Karamazov (1952) 3 v. – Fiódor Dostoiévski
- Os carolinos: crônica de Carlos XII (1963) – Verner Von Heidenstam
- O deserto do amor (1966) – François Mauriac
- Idade da fé (1970) – Anne Fremantle
- A mulher diabólica (1971) – Agatha Christie
- O romance da múmia (1972) – Théophile Gautier
- O lobo do mar (1972) – Jack London
- Miguel Strogoff (1972) – Júlio Verne
Biografias e memórias
- Eduardo VI e o seu tempo (1935) – André Maurois
- A exilada: retrato de uma mãe americana (1943) – Pearl Buck
- Minha vida – caps. 1 a 7 (1965) – Charles Chaplin
- Memórias de Alexandre Dumas, pai (1947) – Alexandre Dumas
- Vida de Santa Teresa de Jesus (1946) – Santa Teresa de Jesus
- Mulher imortal (biografia de Jessie Benton Fremont (1947) – Irwin Stone
- Memórias (1944) – Leon Tolstói
- Os deuses riem (1952) – A. J. Cronin (teatro)
- PASSOS, Lucimara dos (2002). Rachel de Queiroz e a sua produção literária na década de 30. Curitiba: Universidade Tuiuti do Paraná [S.l.: s.n.] ISBN [[Special:BookSources/ Monografia. Consultada em22/02/10 In: [1]|Monografia. Consultada em22/02/10 In: [http:// http://www.utp.br/historia/Tcc/lucimara_passos.pdf%5D%5D%5D Verifique |isbn= (Ajuda).
Perfil | |
Rachel de Queiroz
|
|
---|---|
Estátua da escritora Rachel de Queiroz em Fortaleza na Praça General Tibúrcio |
|
Nascimento | 17 de novembro de 1910 Fortaleza, ![]() |
Morte | 4 de novembro de 2003 (92 anos) Rio de Janeiro, ![]() |
Nacionalidade | ![]() |
Ocupação | Romancista, contista, tradutora, jornalista, cronista |
Prémios | Prémio Machado de Assis 1958 Prémio Jabuti 1970, 1992 Prémio da Associação Paulista dos Críticos de Arte (1992) ![]() |
Magnum opus | O Quinze, Memorial de Maria Moura |
Assinatura | |
![]() |
FONTES

0 comentário em “A 1ª Mulher na Academia Brasileira de Letras”