Faltam escritores aqui. O Brasil tem poucos.
Não porque as pessoas não escrevam ou escrevam mal, mas pela incrível dificuldade de fazer leitores e escritores se encontrarem.
fonte O editor eletrônico — Contos do Trovão
Eu sei: em todos os lugares do mundo os editores são notoriamente toscos e semi-letrados.
J.K. Rowling já escreveu sobre quantas vezes o original de Harry Potter foi rejeitado por editores. Nassim Taleb coleciona – com seu humor peculiar – suas cartas de recusa com comentários simplórios de editores.
Mas aqui no Brasil é pior. Lá fora, bem ou mal, centenas de novos autores são publicados todo ano.
Vi uma vez uma mesa redonda em que o editor do suplemento literário de um jornal americano falava sobre a dificuldade para escolher o que resenhar entre as dezenas de lançamentos de cada semana.
Aqui é mais difícil. As editoras, avessas ao risco, se concentram em autores já conhecidos ou em títulos que já fizeram sucesso no exterior.
Autores novos? Pra quê?
Por isso, proponho substituir as editoras brasileiras por uma máquina.
Sim, o processo de editoração e distribuição já foi automatizado pela Amazon, com o seu kindle direct publishig.
Hoje, qualquer um pode preparar um original e disponibiliza-lo para venda em todo o país (e no exterior). Mas faltou automatizar a parte de seleção de textos e publicidade.
Não é mais preciso escolher o que publicar: a Amazon aceita o que os autores enviarem. Mas é preciso escolher o que recomendar para cada leitor. E, para livros novos, o processo de recomendação automática da Amazon falha. Ele recomenda, para cada leitor, livros comprados por pessoas que compraram outros livros em comum com ele.
O autor novo, pouco vendido, dificilmente entra na lista.
A solução é criar um leitor automático de textos, um programa que procure padrões nos novos textos e os recomende para pessoas que leram textos com padrões parecidos.
Pode ser uma lista de palavras ou expressões mais frequentes, podem ser referência feitas no livro (citações/links), pode ser algum critério estatístico que o programa identifique nos livros já lidos por cada leitor.
Se funcionar, haverá mais espaço e estímulo para novos autores escreverem e coisas mais originais para os leitores – alguns já cansados de só ver, nas livrarias, nomes que já estavam lá nos anos 90.
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